8 de ago. de 2008

Tentei dizer quanto te amava, aquela vez, baixinho, mas havia um grande berreiro, um enorme burburinho e, pensando bem, o berçário não era o melhor lugar. Você de fraldas, uma graça, e eu pelada lado a lado, cada um recém-chegado você sem saber ouvir, eu sem saber falar. Tentei de novo, lembro bem, Numa festinha, ah, nossas festinhas, disse tudo: Eu te adoro, te venero, na tua frente fico muda... E você não disse nada. Só mais tarde, de ressaca, entendi. Cheia de amor e cuba, me enganei e disse tudo para uma almofada. Gravei, em vinte árvores, quarenta corações. O teu nome, o meu, flechas e palpitações: No mal-me-quer, bem-me-quer, dizimei jardins. Continuo inédita e por teu amor sofrendo Mas fui premiada num concurso em Minas. Comecei a escrever com pincel e pichei num muro branco, todo o meu amor Fui presa. Decidi, então, botar a maior banca... no céu escrever com fumaça branca: Te amo,e meu nome bem legível. Já tinha avião, coragem, brevê tudo para impressionar você, mas veio a crise, faltou o combustível. Na velhice, num asilo, lado a lado em meio a um silêncio abençoado direi o que sinto, meu bem. O meu único medo é que então empinando a orelha com a mão você me responda só: "Hein?”.

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